O Retorno a Foz

Kyrie se incomoda com a situação em que ele não sabe o que está acontecendo.

- Ei, Muelbo ... o que está acontecendo? Com quem você está falando?

O elfo-negro nem se mexe. Ele parece não dar bola para as palavras de Muelbo, ou então não entende o seu idioma. A noite continua escura, com a lua escondida detrás das nuvens. E aquela pequena neblina insiste em dificultar ainda mais a visão de Muelbo. Várias vezes, parecia que o elfo-negro havia desaparecido, só para reaparecer novamente.

-Kyrie , segure na minha roupa.
-Tem alguma coisa aqui na frente..

Muelbo ia em direção ao Elfo Negro.. devagar e com Isadora na frente.
Muelbo tenta comunicação com o Elfo dinovo:

-Se identifique , ou temo que não vai ter chance. - Diz Muelbo gritando.

Kyrie não faz como requisitado. Ao invés de segurar na roupa de Muelbo, ele ajoelha-se e começa a rezar.

O elfo-negro continua imóvel, apenas observando a dupla a distancia.

A medida que Muelbo se aproxima do elfo-negro, ele começa a sentir um medo estranhamente avassalador. O que seria aquilo?

As pernas de Muelbo tremiam , ele não sabia o que era, quando ele viu seu amigo ajoelhar , ele tomou uma grande raiva e disse :

-Chega!!

Ele foi andando em velocidade com Isadora em um das mãos e a outra mão na frente de seu rosto servindo de apoio

Ele para na frente do inimigo e tenta tocar a sua roupa para poder olhar dentro dos olhos e ver quem é.

Quando Muelbo se aproxima do elfo-negro, este parece deslizar para tras ... e então some. A névoa começa a se desfazer lentamente, tornando mais claro a visao.

- Muelbo ... seja lah o que foi isso, ele se foi. Mas era muito maligno.

Kyrie tinha sua voz tremula.

- Vamos acampar agora ou vamos continuar seguindo pela noite?

-Se só pode tá brincando... acampar e virar comida de monstros de tormenta ?
-Vamos embora!

Muelbo pega Kyrie pela mão e corre com ele pela a estrada de Foz, a outra mão é para segurar Isadora com força , Isadora parecia estár com medo e inquieta a espada estava quase viva, tendo as mesmas reações de Muelbo.

- Monstros da ... tormenta? Impossível! Nós não estamos nem perto de uma área assim ...

Kyrie protestava, mas seguia Muelbo o máximo que podia.

A dupla caminhou o máximo que pode durante a noite. A manhã começava a emergir. Como de praxe, a luz chegava primeiro que o sol. Kyrie já podia ver longe e o sol nem tinha dado as caras ainda. Faltavam poucos metros para chegar a Foz, quando a dupla ouviu um barulho alto e conjunto de marcha forçada. Algum exército marchava em direção à Foz, pelo caminho que eles trilhavam.

- E essa agora?

-Agora ? um problema muito grande. - diz Muelbo puxando o Meio-Anão() para fora da estrada e se escondendo atrás de uma árvore ou uma moita.

O ideal era Muelbo seguir para Foz "A cidade sem lei" mas a sua curiosidade era muito grande e ele queria ver quem se movimentava.

Muelbo e Kyrie "escondiam-se" num canto da mata próxima a Foz. Como as duas cidades situavam-se em uma região de campos, não havia nada como florestas por perto para esconder apropriadamente a dupla. Uma ou outra árvore aparecia no caminho.

Contudo, acreditando que estavam bem escondidos, a dupla manteve-se agachada entre o mato selvagem. A marcha dos soldados era tão forte que fazia pequenas pedrinhas tremerem e saltarem de vez em quando com o impacto. Logo o exército se fez à vista. Eram todos minotauros, bem armados e com armaduras poderosas. Eles marchavam rápido, seus olhos mirando o horizonte em busca de algo.

Então um deles apontou para o lugar onde estava a dupla e falou com sua voz grave.

- Capitão! Veja! Há um brilho de metal vindo de lá.

As pernas de Muelbo começaram a tremer quando ele teve uma ideia , sussurrou para o pequeno Homem dizendo :

-Confie em min e tudo dara certo.

Muelbo pego o Homenzinho pela armadura e o jogou em frente ao chão na estrada gritando:

-Agora você não me escapa ! - Diz Muelbo apontando Isadora para o rosto de Kyrie

Então ele olha para o lado e ver uma legião de Minotauros e faiz uma cara de surpresa

-Hááá. ! tá vendo aquele exercito?!?! nunca vai ser como eles. - Diz Muelbo puxando o homenzinho pra ficar de pé.

-Agora vamos dá espaço e vamos para Foz.
Muelbo vai dando pesadas na bunda do homenzinho o empurrando em direção a entrada de Foz.

Muelbo esperava que sua insenação desse certo, usou toda sua experiencia com "Manipulação"

A experiência de Muelbo na arte de engambelar era incrível. A maioria dos soldados engoliu a ceninha inventada na hora. Mas não o comandante. Por duas razões: uma que ele já estava acostumado a ver enganadores; e a outra é que a situação era grave demais para ele deixar passar qualquer coisa, mesmo uma freira paraplégica de 99 anos.

- Cerquem-nos!

Os minotauros imediatamente correram para cercar Muelbo e Kyrie. O portão da cidade ficava a uns 200 metros. Já era possível avistá-lo, mas não daria tempo de chegar lá. Fugir não parecia a melhor opção. Kyrie parou de andar e estacou no chão, segurando o braço de Muelbo.

- Agora é a sua vez de confiar em mim ...

Muelbo não demonstrava medo , mas dentro sentia muito , um exercito contra dois homens , com um que não usa a espada para lutar...

Muelbo como sempre levou Isadora ao ombro que servia de apoio.

Muelbo ficou calado e esperou que Kyrie fala-sse algo , ele não tinha feito nada de errado para se desesperar..., isso lhe deu mais calma.

Assim que o exército cercou os dois, o comandante se aproximou e já foi exigindo respostas.

- Vocês dois. Por que se escondiam na beira da estrada e por que fizeram aquela ceninha? O que estão escondendo? Falem!

Kyrie sentia tanto medo quanto Muelbo. Mas ele devia se portar como o guerreiro sagrado que era.

- Lamento senhor pelos inconvenientes. Acredito que tudo não passou de um mal-entendido. Encontramos uma criatura estranha na estrada pela noite e não estávamos afim de topar com outra. Por isso nos escondemos agora. E sobre a cena, bem, isso foi idéia deste meu colega. Mas já lhe garanto que não fizemos nada de errado para ...

- Que criatura exatamente vocês viram?

O comandante não deixou Kyrie terminar de falar. Ele já o interrompeu e buscava novas respostas.

- Bom, essa eu não sei responder. Estava escuro demais. Quem viu detalhes foi o meio-elfo. Eu só senti que era maligno.

O comandante então perdeu o interesse em Kyrie e dirigiu-se para Muelbo, repetindo a pergunta.

- Que criatura exatamente você viu?

-Um elfo ... mas não parecia um Elfo comum, era um Elfo Negro , ele trajava roupas escuras e parecia não ser uma criatura normal...

As palavras de Muelbo foram curtas , ele não deu muito detalhe da situação e do medo que ele sentiu, da pouca visão que ele tinha , ele somente queria sair daquela situação.

-Quando nos aproximamos dele , ele sumiu com a neblina da noite.

Com a conversa , Muelbo se sentiu mais tranquilo um pouco , mas não perdeu o medo completamente...

Os minotauros se entre-olharam e acenaram com a cabeça. O comandante então adiantou-se para Muelbo e examinou bem seus olhos.

- Sabe guri ... não existem elfos-negros neste mundo. Então, só posso concluir uma coisa: ou você está mentindo, ou o que você viu conseguiu o seu propósito ...

O minotauro fitou Muelbo um pouco mais nos olhos e então virou-se de costas, voltando para o meio do exército e saindo do outro lado.

- Vamos marchar de volta a Calacala!

Sua grave voz ordenou e o exército mexeu-se como um todo, muito bem coordenado. Era admirável o nível militar que os minotauros tinham quando se tratava de infantaria. Um exército daqueles não seria páreo para quase ninguém ...

(( o.O eram quantos ? 10 mil homens ? ))

Quando o exercito se encontrava longe Muelbo abriu um sorriso monstrando todos os dentes disse:

-Se não tiver um vilão para balançar com nossas mentes não tem graça não é mesmo ? hahahahah ! - Diz Muelbo seguindo de uma risada

-Bom , então vamos já estou com saudades das vozes de ordem de Minus.

Muelbo foi adentrando Foz com o Kyrie em direção ao QG dos Inkyr.
Estava muito querendo ver seus amigos que já não via a uma semana.

Kyrie deu de ombros. Ele não entendia toda a felicidade de Muelbo. Para ele, o ideal era que o mundo ficasse livre de pessoas ruins. Assim as pessoas não teriam mais nada para fazer além de gozar a vida. Mesmo assim, ele acompanhou Muelbo.

Ao chegar no QG dos Inkyr, Muelbo se depara com as portas fechadas, claramente trancadas pelo próprio Minus. Aparentemente, eles haviam saído em alguma missão enquanto Muelbo estava fora.

- Hm ... eu acho ... acho que não tem ninguém aí ...

-Isso não é nada bom.

Muelbo estava com saudade do seus amigos, e como ele conhecia Minus , ele não esperaria um recruta voltar , de viagens pessoais.

Muelbo se aproximou da porta , a analisou para saber se seus amigos ou talvez Minus deixou algum bilhete e retorna para Kyrie dizendo:

-Não posso fazer nada além de esperar em Foz por eles, com certeza um dos meus amigos foi para uma missão e o outro está de férias. - diz Muelbo aparentando está tranquilo.

Muelbo sabia que Trunks era um Orc muito habilidoso , desde o primeiro dia que o conheçeu, mas o que ela não sabia era que Trunks nunca foi o mesmo soldado depois que ele caiu contra os Kobolds.

Kyrie levanta uma das sobrancelhas enquanto observa Muelbo.

- O que? Está dizendo que vai ficar apenas parado? E se os seus amigos estiverem precisando de sua ajuda? Nada disso! Vamos atrás deles. Você sabe seguir trilhas?

Kyrie era enfático e sempre positivo. Estava sempre tentando buscar uma solução, mesmo que ele mesmo não tivesse uma.

-Exatamente , vou ficar aqui esperando por eles , já disse que o exercito sabe se cuidar muito bem.

-E alguem tem que estár na cidade para quando Kunji chegar de sua viagem.

Muelbo não demostrava preocupação, porque um homem amais ou um homem a menos não fazeria diferença alguma nas missões do exercito.

Kyrie não entende porque Muelbo agia assim. Mas como os dois não nasceram grudados, Kyrie agiria de acordo com seus pensamentos.

- Bom, se você prefere ficar sentado esperando, fique à vontade. Eu vou contratar um rastreador. Vou atrás do seu exército. Quer que eu dê algum recado?

Kyrie esperava apenas pela resposta de Muelbo. Ele era decidido assim. Muelbo seguindo ou não, Kyrie partiria.

-Cara... quem é você ?
-Você não é um homem de guerra , vá para o seu templo rezar.
Muelbo extressado e sem entender a preocupação daquele baixinho disse:

-Já disse que lá não é lugar para você!
-E se o exercito estiver combatendo outro exercito , mortes e sangue para todo lado...;
...você iria gostar de ir ?
-E se o exercito estiver atacando uma aldeia , tudo seria queimado , mulheres seriam estupradas , homens seriam escravizados , e tudo seria roubado...;
...você continua querendo ir...?
-E se o exercito estiver roubando tesouro de um templo e matando todas as clerigas...;
...mesmo assim você continua querendo ir ?

-Eu já lhe disse Kyrie , lá não é lugar para você, e não quero que traga problemas pra Minus em meu nome.
-Você não vai sair daqui!

Muelbo se aproxima de Kyrie e olha rosto a rosto para ele , Kyrie parecia ser um garoto novo e bobinho , poderia até ser um erro Muelbo.

Kyrie sustentou o olhar de Muelbo. Ele não temia o meio-elfo. Paladinos não temiam nada!

- Acredito que você fez mal juízo de mim, amigo. Ficar em um templo orando é função das clérigas ... e ainda existem aquelas que saem em missões no mundo. Minha função é combater o mal de forma pacífica, mas principalmente preservar a vida. Se existe sangue derramado, então é lá que eu devo estar, para cuidar dos ferimentos e evitar a morte. Não digo que a morte seja indigna. Mas a morte precipitada pelo campo de batalha deve ser evitada a todo custo. Eu sonho no dia em que exércitos vão disputar suas desavenças no par ou impar.

Ele terminou de falar e então virou-se, afastando-se lentamente de Muelbo. Kyrie andava em direção à cidade, em busca dos serviços de algum rastreador.

Muelbo não se impressionou com o discurso do homenzinho , para Muelbo ele era um sujeito ridiculo e teimoso , um cara que não entende que NIMGUÉM quer a ajuda dele... Muelbo então desistiu do sujeito e virou as costas adentrado a cidade , a movimentação e os mercados.

Depois de alguns minutos caminhando , Muelbo tinha quase certeza que se o homem de armadura atravessasse o caminho de Minus , aquela armadura teria um novo dono, mas como o Kyrie que escolheu seu caminho, então o problema já não era de Muelbo.
((Que NPC chato hem ))

(( Nem todo NPC existe para a vontade dos jogadores ^_^ ))

Muelbo não vira mais Kyrie pela cidade. Mas ele observava o lugar. Foz não era uma cidade comum. Ela tinha muitos pequenos fortes, que serviam de QG para vários grupos. Todas essas construções eram bem trancadas e seguras, para coibir ao máximo as tentativas de furto. Obviamente que, se um ladrão fosse bom o suficiente, então ele seria merecedor da recompensa. Mas se fosse pego, receberia um castigo para jamais esquecer.

Pequenas casas também ladeavam as ruas largas da cidade. Muelbo passou por um estábulo com carroças, que servia para transportar grandes cargas de mercadoria oriundas dos barcos. Duas ou três tavernas de dois andares cada, onde no térreo funcionava o bar e no andar superior a estalagem. Muelbo também viu pequenas oficinas diversas. Pessoas trabalhando com madeira, couro, tecidos diversos, tintas, barro, minérios, ferreiros, etc. Vários pequenos segmentos da produção. Afinal, a pessoa que curtia o couro não era a mesma que fazia a roupa ou a armadura. Da mesma forma, a pessoa que cuidava dos minérios e fazia lorigas de ferro não era a mesma que pegava as lorigas e fazia espadas, escudos, armaduras ou mesmo pinicos. A cidade funcionava como um grande organismo vivo, com cada setor especializado em um segmento da produção.