Interlude

Aventura Anterior

Primeira Aventura

Próxima Aventura

---

Após derrotar o dragão e receber a recompensa, Varrus e Juliana retornaram a Terras Altas com história para contar, e também para ouvir. No dia de sua chegada, à noite, foi feito um verdadeiro festival, com carne assando no centro da vila e música de alguns dos moradores. A música era boa, contando com os tambores de alguns aldeões e o bandolin de Hossein.

Juliana usava seu novo vestido, e parecia bem animada. Eniaos havia visitado uma outra aldeia próxima, produtora de vinho, e fez uma troca simples. Um barril de leite por um barril de vinho. Por isso, àquela noite a festa seria bem divertida!

Muitos cantarolavam aqui, outros conversavam ali. Alguns jogavam um jogo de dados, outros jogavam um jogo de cartas. E só agora Varrus chegara finalmente à festa, pois estava terminando de se inteirar da situação atual da vila.

Varrus chegara com sua roupa de festa, era a melhorsinha para essas ocasiões, um tecido fino com tons azuis, semelhante a um ropão, aonde deixava seus peitos quase nús, e um cinto também de tecido fechava o ropão, trazia uma bota de couro, nada espalhafatoso ou exagerado.

Ele até que gostava das festas. Apesar de seu humor ser baixo, ver as pessoas de Terras Altas se divertirem era uma verdadeira realização. No inicio chegou simpático, cumprimentou o máximo de pessoas possíveis, arriscou alguns copos de vinho e comeu um pouco de carne assada, estava uma delicia, fez a barriga pedir mais, mas não a atendeu, até em momentos de festa Varrus precisava agir.

Se isolou por um momento, com uma caneca de vinho, por alguns minutos, seus olhos pensativos e aluados procuravam o Meio-Elfo guerreiro.

(( Você não teceu qualquer comentário sobre os NPCs =/ ))

Thormond estava próximo de Eniaos, e os dois pareciam discutir acaloradamente sobre qualquer assunto que Varrus não conseguia captar de longe. Liqui estava sentada em uma tora de árvore que servia de banco próximo à fogueira, e parecia se concentrar para não passar mal.

Varrus chegou cautelosamente, sorriu para Liqui assim que ela a viu, os dois não notaram sua presença até que os chamaram a atenção:

- Sobre que os rapazes estão conversando ? - E deu uma bela golada no vinho que fez sua cara fechar por alguns instantes.

- Varrus! - exclamou Eniaos, ainda meio enfurecido. - Este idiota deu vinho para minha mulher! Ela está grávida! Não pode tomar vinho! Agora está lá, passando mal ...

- Mas ela aceitou ... digo, ela é adulta, sabe? E eu não vejo problemas se ela toma ou não vinho. A criança nascerá mais forte. Minha mãe me criou bebendo cerveja, e hoje sou forte como um touro. Bem mais forte que você, inclusive. - defendeu-se Thormond.

A disputa estava apresentada a Varrus. Como resolver rapidamente aquele pequeno problema para poder conversar com o guerreiro?

- Ei ei ei, por favor não briguem, Eniaos.. não temos festa a muito tempo, seria um crime não dar um gole de vinho para ela.

Enroscou os dois no seu braço os aproximando

- Agora, não briguem, sei que as intenções de Thormond foram boas, e sei que Liqui vai ficar boa, ela é forte, e seu filho vai nascer saudável(( Até porque eu já vi ele...))

- Preciso falar uma coisa com vocês. - disse Varrus em tom mais sério.

Eniaos levantou uma sobrancelha, as orelhas élficas levantando junto também. Thormond apenas ficou sério, meio apreensivo, mas sério.

- Ok. Ganhou minha atenção. Agora desembucha ... - disse o guerreiro, num tom sem meias palavras.

Varrus largou os dois, seus olhos desviaram para o céu e ele disse:

- Já faz um ano não é ?... Desde que fugimos de Tapista para cá!

Varrus abriu a boca e ameaçou continuar a falando, então soltou todo o ar de quem tivesse cansado, olhou para seus amigos e disse:

- Nós não temos nenhuma informação como está Hershey, se já foi tomada por completa, e se os minotauros querem continuar suas expansões, se resolverem vir a petrynia, precisamos estar preparados, mas não acho que teremos tanta sorte como da a ultima vez e fugir de barco... e caso eles nos pegar... - Podia ver o terror naquela conversa.

-Não iremos nos tornar escravos, eles não iriam nos perdoar pelo que fizemos a familia Agron, irão torturar até a ultima criança. - Disse seco, enquanto coçava a barba que estava para fazer.

-Nós precisamos expandir nossos recursos, tanto em material como financeiramente, até para nos defendermos ou fugir quando for necessário, foi bom encontrar vocês dois juntos:

-Eniaos! - disse Varrus colocando a mão sob o ombro do companheiro - Preciso que procure um vilarejo próximo que tenha ferro, o suficiente para trocar por leite, ou algo que tenhamos para trocar, para estabeler um comércio mensal...E Thormond!

-Preciso que você treine três meninos ao uso da espada, que os faça ter resistência, velocidade e honra eles serão seus aprendizes, porém, quero que obdeça nossas ordens. - Varrus abriu um largo sorriso, achou que o guerreiro ia gostar da ideia, ele iria usar os garotos para missões fácieis em malpetrim para ganhar dinheiro e prestigio na cidade, que poderia ser usado depois.

Eniaos aceitou prontamente a sua tarefa, embora não confiasse muito na possibilidade da troca. Afinal, ferro valia muito mais que leite, e eles não eram grandes produtores. Mal mal conseguiam leite suficiente para se manter. Thormond, contudo, não parecia muito contente com a tarefa.

- Não temos garotos para isso, Varrus. Os homens do campo não servem mais para a guerra. Você pode até colocar uma espada na mão deles, mas seu coração não será nunca o de um guerreiro. Eles pertencem ao campo. E os garotos que temos são novos demais. Levará alguns anos até que eles tenham idade suficiente para lutar. Acredito que uns cinco anos, no mínimo, para enfrentar um homem adulto. E mais uns três ou quatro anos para enfrentar guerra de verdade contra os minotauros. - ele deu uma ligeira cuspida no chão e retrucou, a cara ainda mais fechada. - E para que eu iria treinar garotos a fim de obedecer ordens? Fugimos de Tapista justamente por não aceitarmos as ordens dos minotauros. Qual seria a diferença? Homens precisam ser livres para tomar suas próprias decisões.

Varrus franziu a testa e protestou :

- Quando me refugiei dos minotauros atrás de uma cidade de Hershey eu era um 'homem do campo', me deram uma espada na mão e me colocaram nas filas, antes de ser capturado abati quatro minotauros!

Varrus se acalmou e prosseguiu:

- Não digo escravizar ninguém Thormond, precisamos de mais segurança para o vilarejo, temos cem familias aqui, eles somente iriam trocar a vida no campo por guardar a segurança do vilarejo, e depois de terem treinado o suficiente, buscariam aventuras para conseguir dinheiro, ganhariam as mesmas coisas que recebiam e mais, ninguém vai receber esse cargo sem desejar.

- Queria esperar até um garoto cresçer o suficiente e se tornar um guerreiro, mas não temos mais tempo para isso. Você diz que não se pode tornar um homem crescido em um guerreiro ? eu discordo, ainda mais quando se tem Thormond como professor. - disse Varrus com um sorriso largo, já sabia a personalidade de cada e como se lidar com eles.

- Pode me bajular à vontade, mas eu ainda mantenho minha posição. Posso até treinar seus 3 homens, mas digo que será tempo jogado fora. - insistiu Thormond. - E não temos 100 famílias. Temos umas 100 pessoas, mas nem sei se chegamos a 50 famílias.

Eniaos se aproximou de Varrus e interrompeu-o. - Varrus, se não tiver mais nada a acrescentar, eu gostaria de ir. Minha mulher precisa da minha atenção. Amanhã começarei a busca que me pediu.

((cem familias não, viajei, cem pessoas ^^))

Varrus estava um pouco irritado com a posição de Thormond, mas cedeu, tudo ficaria bem, já estava acostumado com esse tipo de coisa.

- Podem ir, boa festa.

Ele recostou perto da fogueira e bebeu o bastante para passar um pouco mal, até resolver parar, ficou ali vendo as pessoas se divertirem, daria um tempo para ir para cama, e não pagar de chato como fazia em festas passadas, indo embora cedo.

((Pode fechar se quiser, estou resolvido.))

Durante o restante de festa que Varrus ficou ali, ele observou as pessoas dançando ao centro. Vislumbrou Juliana e Sigrid dançando juntos. Sigrid estava claramente tentando seduzir Juliana. Se a moça ia cair na lábia de Sigrid, isso era difícil dizer. Ela era uma das poucas que nunca se deixou seduzir pelo feiticeiro de fogo, mas também nunca teve vinho antes envolvido. Será que Sigrid iria ganhar a loteria aquela noite? Diziam por aí que Juliana era virgem.

Enquanto Varrus observava, Felonunua aproximou-se, sentando-se ao seu lado. Estava trajando uma bonita roupa selvagem, feita de peles de animais. Era estranho a druida usar peles de animais, mas como Varrus a conhecia, sabia que eram provavelmente peles de animais que ela já encontrara mortos. Felô (como era chamada, para abreviar o nome élfico), sorriu para Varrus e arrumou o cabelo atrás das orelhas pontiagudas.

- Está uma linda noite, não acha? - perguntou ela, puxando conversa.

Varrus estava parado encarando o 'nada' quando Felô chegou. Se sentiu bem com a companhia da elfa, se era para fazer hora que fosse com alguma companhia.

- Sim, está linda. - disse ele olhando para o céu e abrindo um sorriso largo, olhou para a elfa e prosseguiu:

- Pode não parecer, mas não sabe como estou feliz hoje..

A elfa sorriu mais ainda em resposta.

- E você não sabe o quanto eu fico feliz com isso. - ela olhava para Varrus e apenas para Varrus, e tinha alguma coisa em seu olhar, algo como um predador olhando para sua presa, prestes a devorar. Só que não era ruim.

- Você gostaria de ver a lua do meu ninho? A visão é ainda mais bonita. - Felô era a única que não morava em uma casa convencional. A casa dela havia sido erguida no alto de uma árvore antiga, poupada por sua insistência. Ela ergueu sua casa lá para garantir que ninguém iria derrubar a árvore em questão. E ela chamava sua casa de "o ninho".

((palmface))

Varrus riu com a ousadia da Felô passou a mão em seus cabelos elficos desconcentando-os,a segurou na ponta do queixo e a deu um beijo na testa amigavel:

- Não me leve a mal Felô, meu fogo já não arde mais desta forma. - Sendo mentira ou não, foram as melhores palavras que Varrus encontrou para não magoar a moça.

Ouve-se um estalido, o barulho característico de um tapa. A música parou subtamente, juntamente com as vozes. Todas as cabeças voltadas para ... o centro da fogueira. Sigrid segurava o rosto maculado enquanto Juliana se afastava a passos largos, o rosto nada feliz.

Mais afastados, Varrus e Felonunua continuavam na mesma posição, com o guerreiro segurando a ponta do queixo da druida. - Acho que não seremos os únicos a não ter diversão esta noite, então ... - comentou ela, levantando-se e retirando-se devagar para sua casa. - ... passar bem, Varrus.

Varrus bufou um ar profundo e cansado, a festa não podia ter esse desfecho e muito menos terminar tão cedo, talvez terminaria para ele, mas não para as pessoas, elas trabalhavam muito e tinham mais que se divertir.

Caminhou até o centro, aonde Sigrid se encontrava ainda com a mão no rosto deu dois tapinhas no ombro do rapáz sem dizer uma palavra caminhou até Hossein e disse:

- Prossiga com a música como se nada tivesse acontecido. - Então foi atrás de Juliana, antes de dormir falaria com a moça a festa talvez tenha acabado para ela também.

Assim que recebeu os tapinhas nas costas, Sigrid deu de ombros e disse alto o suficiente para que todos pudessem ouvir. - C'est la vie. - Todos deram uma gargalhada e a festa prosseguiu com a música, antes mesmo de Varrus chegar a falar com Hossein.

Seguiu pois atrás da garota que saiu furiosa e teve de apressar o passo para alcançá-la. Ouvindo os passos apressados de Varrus, ela já virou-se furiosa, pronta para descarregar sua fúria. - O que você quer ago...? - disse gritando, mas interrompeu a última palavra e ficou vermelha assim que reconheceu ser Varrus e não Sigrid quem a estava seguindo. - Ah ... eu ... desculpa. Não sabia que era você. - ela virou o rosto para o lado, olhando para o chão, envergonhada tanto por gritar com Varrus quanto pelo que acabara de acontecer na festa.

(( Não sabia que tinha frances em arton.))
Varrus abraçou a menina, leve e apertado:

- Não precisa se envergonhar... - A soltou e se recostou numa árvore cruzando os braços e sorrindo.

-...Mas você não pode bater em todos os rapazes que te desejarem!

Ela fechou a cara, mas não em desaprovação. Era como se estivesse segurando um riso. - Posso sim! E da próxima eu jogo uma lança do destino nele! - disse, agora sorrindo sutilmente, ainda tentando se conter. Ela também se encostou na mesma árvore, lado a lado com Varrus. - Ai ai ... só você pra me animar, viu ...

Varrus gargalhou:

-HAHAHAHAHAHA! Se no caso for um minotauro, tenho de concordar que uma lança do destino daria jeito.

Se conteve, ficou um pouco mais sério mas ainda risonho e continuou:

- Mas você tem toda a razão, não tem que se deitar com quem não quer, nem se essa pessoa tiver conquistado todas as outras meninas do vilarejo. - Varrus não sabia porque Juliana não estava afim de Sigrid, quando o assunto era romance e pegação, Sigrid era o que mais levava jeito no vilarejo.

Juliana pareceu meio sem jeito. Ficou vermelha e tentou esconder a face olhando para o lado.

- Bem, não é que ele não seje bonito. Todas as garotas vão achar ele bonito. Mas eu não busco apenas beleza física. E também ... eu não busco aventuras no amor. Quero algo mais intenso que apenas sexo, entende? E ... ahhh ... já chega. Se eu falar mais vou morrer de vergonha.

Ela terminou dando um soquinho de leve no ombro de Varrus.

- Está certo.., Devo ir para minha casa agora, a festa acabou para min, tente não matar ninguém e sabe me encontrar se precisar..

Varrus virou a costa para ir embora, mas então virou rápido o suficiente para a garota não ter saído dali:

- Aah..Quase me esqueci, você está linda! - Sorriu e virou as costas para ir embora.

Aquela última frase pegou Juliana completamente desprevinida. Ela ruborizou mais do que já estava, e acabou por não falar nada. As palavras fugiram de sua boca. Varrus se afastou, enquanto Juliana permaneceu onde estava.