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Não foi difícil para Kalil encontrar algo para comer. Seus conhecimentos florestais ainda mostravam-se apurados, mesmo em uma área desconhecida. Kalil retornava de sua empreitada com uma ou duas dúzias de peras.

Ao voltar para onde deixou Malla, Kalil não vê rastro da meio-orc. Ela havia simplesmente sumido.

Kalil procura por vestígios da meia-orc ela realmente havia desaparecido. A floresta agora encontrava-se agora com um ar misterioso, silencioso e sombrio. As nuvens fechavam os raios de sol e deixava a floresta um tanto escura.

" Onde será que aquela meia-orc foi parar? Será que alguém a levou!?" perguntou-se Kalil em voz alta, buscando respostas, explicações para o sumiço de Malla. Buscou aos arredores por mais algum tempo até anoitecer. Observando que não adiantaria nada resolveu montar acampamento ali mesmo na esperança de que no dia seguinte ela voltaria.

Um dia se passou e nada. Tudo que Kalil teve foi a aporrinhação de alguns pequenos animais. Ao menos Kalil não foi encontrada por nenhum monstro.

O dia seguinte estava mais tranquilo, mais propício à viagem. Restava saber se Kalil iria continuar a jornada destinada a Malla sem a meio-orc, ou se Kalil iria desistir e retornar para casa. Faltava 8 dias para o ciclo de lua em escudo (cheia).

Kalil continua a jornada rapidamente. O dia parece ter rendido mais em termos de caminhada, pois Kalil não se limitava mais à velocidade de Malla. Ela sentia como se tivesse percorrido três vezes mais a distância normal do dia.

Porém, a noite começava a cair e a visão de Kalil não era favorável ao escuro. Provavelmente, ela seria obrigada a acampar novamente.

Como que sentindo a tristeza de Kalil, os animais da floresta procuravam evitar o seu contato. Reservavam à centauro o seu espaço próprio.

A noite passou sem mais problemas. A medida que Kalil se distanciava de sua aldeia, mais ela se distanciava dos problemas da região.

Faltavam 7 dias para a lua cheia ...

Kalil viajava rapido, cavalgando livre pelas matas. Para ela, era mais facil cavalgar por la do que em estradas humanas. Logo ela tinha percorrido outra grande distancia, algo como dois dias de viagem na velocidade de Malla. Mas a fome bateu, e Kalil nao poderia manter o ritmo para sempre.

Kalil encontrava-se no coração da floresta. Segundo a orientação das estrelas, faltavam uns dois ou três dias de viagem para acabar a floresta.

Ela terminou de caçar e colher comida suficiente para aquela noite e o dia seguinte. Restava agora comer e descansar. A floresta não lhe importunava com animais selvagens. Parecia que a natureza entendia o seu dever sagrado de ir atrás do Tesouro de Allihanna.

(( Mone, se quiser adiantar logo os três dias, pode. ))

(( Errado. Ela não chegou no tesouro. Ela apenas atravessou a floresta. Para o tesouro ainda falta muito ... ))

Kalil encontrava-se agora diante de um grande lugar de desolação e morte. Cinzas e ossos até onde a vista alcançava. Aquele vale repleto de pequenos morros e fendas não trazia nada vivo. Apenas a imensidão morta. Nem mesmo a dor havia sobrevivido naquele lugar. Kalil já ouvira falar de um lugar assim, mas jamais acreditara que era verdade. Agora seus olhos lhe mostravam a dura verdade ... o lugar existia. Kalil só não lembrava do nome ...

Ao longe, bem ao longe, no alto de um morrinho, Kalil conseguiu avistar a figura de uma pessoa, imóvel. Ele parecia observar algo mais adiante.

Kalil diminuindo seus passos percebeu que ainda não havia chegado ao seu destino e que estava em um lugar onde a morte se fazia presente em todos os estantes instantes. Estava com receio de se aproximar, ouvirá ouvira muitas histórias tenebrosas e lhe parecia agora serem todas reais. O vento soprava frio e assustador quando no alto avistou a figura de uma pessoa, era sua chance de saber se realmente estava indo pelo caminho certo.

Kalil decidiu por ir ao encontro daquela figura estática. Sua face tremia involuntariamente e seus olhos ainda não acreditavam em tudo o que estava a observar. Com cuidado e sem fazer muitos barulhos tentou colocar suas patas em lugares firmes sem encostar nos ossos jogados pelo chão em direção a misteriosa pessoa.

A medida que Kalil aproximava-se da figura, ela ia percebendo detalhes de sua situação. Ela era tão cinza quanto a paisagem ao seu redor. A própria roupa mantinha a condição cinza e estática. A brisa aleatória não conseguia mover suas vestes, que agora estavam como que paralisadas.

Finalmente, ao chegar perto o suficiente, Kalil pôde perceber que não se tratava de uma pessoa, mas de uma estátua. Contudo, ao contornar a estátua e observar seu rosto, Kalil compreendeu uma verdade ainda mais assustadora: o rosto daquela estátua marcava o puro horror congelado no tempo. Não se tratava de uma estátua, mas de uma pessoa petrificada viva.

Ao perceber que aquela face era de uma pessoa petrificada e não uma estatua. Kalil sentiu seu rosto ficar gélido e pálido, como se um vento frio toca-se suavemente a sua face. o seu primeiro pensamento foi de afasta-se o mais rápido possível do local.

Sua mão tremia ao dar os primeiros passos, tinha medo de ser descoberta pela criatura que transformou aquela pessoa, seus passos eram trêmulos no entanto contidos evitando movimentos bruscos. Assim aos poucos foi afastando-se da estátua.

Pelo desespero, Kalil foi se afastando sem perceber onde pisava. Sem querer, ela escorrega pela lateral daquele morro e vai deslizando até chegar lá embaixo, misturada às cinzas e aos ossos de incontáveis criaturas, mortas à tempos.

O lugar continuava silencioso. Kalil encontrava-se a uns 200 metros do Bosque de Allihanna, e ainda havia uma imensidão de terreno morto à sua frente, rumando para o norte. Kalil teria que decidir se atravessaria aquela imensidão inóspita ou se contornaria, ladeando um dos rios principais.

Kalil voltou o caminho percorrido o mais rápido que pôde. Ela podia jurar que estava sendo observada por alguém, mas como nada aconteceu, Kalil seguiu viagem.

Ela rumava em direção ao rio Kaerunir, para o oeste. À sua esquerda, o Bosque de Allihanna. À sua direita, aquele vale morto e sombrio, onde as cinzas, os ossos, e eventuais estátuas imperavam. A noite se aproximava e Kalil nem via sinal do rio. Ele deveria estar mais longe do que ela pensava.

A noite passou sem nenhum problema. A manhã logo chegou com seus raios amornando o frio da madrugada. Aquela região da floresta era silenciosa, pois era vizinha do vale cinza e morto. Os animais pareciam instintivamente evitar se aproximar, como se o mal que assolava o vale pudesse atingir a floresta a qualquer momento.

A viagem no dia seguinte foi mais tranquila. E ao raiar do meio dia, Kalil avistou o rio. Era largo e caudaloso, muito bom para pesca, navegação, mas péssimo para nadar. Provavelmente Kalil morreria afogada se caísse no rio.

Faltavam 5 dias para a Lua Cheia.

Kalil seguia ladeando o rio ... sempre em direção ao norte. A caminhada era tranquila, até que Kalil avistou um pequeno morrinho na beira do rio. Ao chegar perto, o morro se mexeu e virou-se para Kalil, agora revelando sua verdadeira identidade: um gigante. Ele apenas olhava Kalil, com seu imenso corpo bloqueando a passagem.